Espiritismo Progressista, sem amor, é
falácia!
Falamos
constantemente sobre a liberdade que Kardec conclama ao elevar o ser Espiritual
a condição de “Livre Pensador”. O
objetivo desta transcendência da liberdade intelectual dos habitantes do orbe,
é ascender este espirito a uma vivência autônoma das suas próprias demandas. É
viver um processo de autoconstrução, consciente da concepção das leis naturais
nas ações da condição humana a partir das nossas próprias compreensões e
comportamentos.
Saímos
assim do período da inconsciência de nossos atos, para o período da vivência
comportamental, pois, o Espiritismo é uma Doutrina comportamental e não
contemplativa. Quando falamos, escrevemos e ou discutimos em nome do
Espiritismo, as nossas convicções pessoais devem ser relegadas a segundo plano,
sob pena de nos constituirmos personalistas, ou, de confundirmos o que pensamos
com o próprio Espiritismo; ou, imaginarmos pelos motivos citados acima, que
aquilo que falamos trata-se de uma verdade universal e absoluta, o que bem
sabemos não é um fato.
As
discordâncias fazem parte dos cenários sociais, ajudam na construção da
sociedade e compõem as lutas. Em que pese, que a forma com que discordamos, é a
compreensão das demandas humanas em uma perspectiva plural, defender ideais com
violência, seja ela virtual, emocional, psicológica, com o objetivo de cancelar
o que outro pensa, e consequentemente quem ele é, não é nem democrático, quiçá,
Espírita.
O
Movimento Espírita Progressista, assim como todo e qualquer movimento organizado
por seres humanos, possuem as suas dificuldades de atuação, pois encontra em
seus atores, pessoas normais, desta maneira, egos inflados, associados a
destemperos emocionais, desaguam em desrespeito e arbitrariedade. Precisamos
repensar as nossas práticas com urgência, sob pena, de sermos o mesmo Movimento
Espírita instituído a mais de um século, apenas com uma diferença: o fato de
sermos do espectro de Esquerda.
Não
me incomoda sermos taxados de “cafonas”, “progressistas de Direita”; mas, política
sem amor, “ NÃO É ESPIRITISMO”, nem progressista nem conservador, se me valho
de uma compreensão social da vida para oprimir outras pessoas, “ NÃO É
ESPIRITISMO”. O Espiritismo nos convida: a amar, ao debate lúcido, respeitoso. Não
somos obrigados a concordar com nada, imagina com tudo, mas temos o dever de
entender o outro, como cidadãos que somos, aprendemos a respeitar os
diferentes, como Espíritas que nos dizemos ser, somos educados a “AMAR”, os
diferentes, bem como as diferenças.
Há
momentos que nos propiciam aprendizados e possuem o objetivo, não velado, mas,
escancarado, de provar para nós mesmos, que não estamos tão distantes assim uns
dos outros, oxalá nos sirva, para trabalharmos a humildade de percebermos,
sentirmos, que o outro está apenas em um momento diferente do nosso e apenas um
rótulo de “Espírita Progressista”, sem
uma ação que coadune com a adjetivação,
de nada nos vale, nada nos engrandece e o que é pior, em nada muda a sociedade,
tal quanto a desigualdade e a injustiça social, estas precisam ser rompidas primeiramente
em nós, depois sim, trabalhemos juntos para a construção deste reino na terra,
como já nos dizia o saudoso Herculano Pires. Até lá, doa, em quem doer, “Progressistas
ou Conservadores”, precisamos sim propiciar o diálogo, pois, sem ele não
avançaremos, seja em que seara for, o que nos deixa cientes, de que no campo
das humanidades, temos muita coisa ainda para aprendermos uns com os outros.
Uma
coisa é certa, não dá para sermos Sexistas, Misóginos, Racistas, LGBTfobicos,
Machistas, Xenofóbicos e buscar pontos ou vírgulas na Doutrina Espírita, que justifiquem
tais violências, ou, aviltar a intimidade das pessoas com cancelamentos e linchamentos
virtuais ou presenciais, que de maneira alguma são ações validadas pelo
Espiritismo.
Nossa
solidariedade a todas e todos, que além da vileza de um Brasil pandêmico, foram
de alguma forma vítimas de qualquer tipo de violência e ou cancelamento, sejam
estes presencias ou virtuais.
Editorial Ágora Espírita: Alexandre Júnior