Dissemos que o Espiritismo é toda uma Ciência,
toda uma Filosofia. Quem desejar conhecê-lo seriamente deve pois, como primeira
condição, submeter-se a um estudo sério e persuadir-se de que, mais do que
qualquer outra ciência, não se pode aprendê-lo brincando. O Espiritismo, já o
dissemos, se relaciona com todos os problemas da Humanidade. Seu campo é imenso
e devemos encará-lo sobretudo quanto às suas consequências. A crença nos
Espíritos constitui sem dúvida a sua base, mas não basta para fazer um espírita
esclarecido, como a crença em Deus não basta para fazer um teólogo. Vejamos,
pois, de que maneira convém proceder no seu ensino, para levar-se com mais
segurança à convicção.
(ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires, Capitulo III Do Método).
A
partir do pensamento de Kardec, se percebe que o movimento Espírita se
distanciou de sua origem, logo, precisa ser repensado, avaliando por exemplo:
as didáticas ofertadas e as metodologias aplicadas, princípios esses, que fazem
parte do escopo da doutrina. Deve-se pensar a importância da abordagem de temas sociais que suscitem
crescimento pessoal usando as referências éticas e morais da doutrina, sem a
transformar em uma religião, que acabam cegas pela fé, incapazes e impedidas de
construírem um raciocínio critico, tornando os seus seguidores frios e os
impossibilitando de perceber o embuste provocado pela falta de conhecimento.
Surgem
através desta deficiência, e da notória falta de conhecimento da doutrina os
trabalhos assistências, tão importantes, mas sem o compromisso com a promoção
social, sem a preocupação de promover o ser e de não o tornar dependente das
assistências. Desta forma alguns trabalhos realizados pelo movimento Espírita assumem
um papel, para quem os pratica, e demonstram pouco conhecimento, de criador de
espaços nas colônias espirituais, criando uma condição de dever cumprido, de
satisfação por quem os realiza, porém suscitam a perpetuação das dificuldades
que levam uma pessoa a necessitar da assistência das casas Espíritas.
Perguntamos
se apenas estas ações resolverão o problema dos conflitos sociais em suas
questões mais intimas? E se o Espiritismo é uma doutrina de paliativos? Pois bem, entendemos que baseada em leis
universais o Espiritismo trata as chagas da humanidade em seu cerne, portanto
não se trata de uma doutrina de paliativos. E consequentemente exige a quem o segue,
posturas que promovam o bem comum a
partir de nós, quando assim é compreendido, passamos a atuar como agentes
transformadores da sociedade como um todo, pensamos no cidadão em toda a sua
integridade e integralidade, e não apenas em sua fome de pão, mas na sua fome
de justiça, de equidade, de hombridade, de oportunidade, de ser amado, de ser respeitado,
e acima de tudo de ter a dignidade de se autogerir e desta forma, não voltar
mais a necessitar da referida assistência, não precisamos de muito para saber
que estas questões não são bem resolvidas em nossa sociedade.
Vê-se como função precípua do Espiritismo fundar uma sociedade
que se ame. Desta maneira perguntamos: até que ponto o movimento Espírita vem
cumprindo com o seu papel, que é a libertação de almas baseada no despertar de
consciências, propagada de forma tão sóbria e racional na Codificação Espírita?
Equipe Editorial Ágora Espírita.
Alexandre Junior. Rosangela Souza. Manoel Gomes.
Referências bibliográficas:
KARDEC, O
Livro dos Médiuns, 1º Edição Março de 2017, Catanduva, São Paulo, Editora
Boa Nova, Tradução José Herculano Pires.