quarta-feira, 24 de junho de 2020

O espiritismo não é apolítico


Texto do Eixo de Pesquisa: Espiritismo, 

Políticas e Promoção Social

Produção: Márcio Alexandre

Uma questão está acalorando as conversas e até as prédicas nas casas espíritas do Brasil nos últimos anos: a política nacional. Em tempos de polarização desse cenário, o movimento não deixou de ser influenciado por esse momento que, vez ou outra, eleva ao ringue das discussões adeptos da causa kardeciana. Por que será que o exercício da política é ainda visto por muitos como algo malsão? O que tem de errado na política para que esta seja taxada como algo pernicioso no meio? Seria o espírita um indivíduo superior na escala dos encarnados e que por isso, inalcançável pelos problemas sociais para não ter que se (pre)ocupar com eles? Será que o adepto da doutrina dos Imortais não pode abrir a guarda no trato de tais assuntos sem se enlamear com sua suposta “sujeira”? Ou o espírita é um ser de dupla vida social: uma pura, dentro da casa religiosa e outra, devassa, fora dela?

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Espiritismo, Racismo e Consciência Negra




Espiritismo, Racismo e Consciência Negra
Texto do eixo de pesquisa Espiritismo, Racismos e Intolerância Religiosa
Produção: Gustavo Filizola

Como membro do Grupo Ágora Espírita que tem como um de seus objetivos a preocupação com a valorização das necessidades das minorias sociais, bem como das realidades políticas e sociais de nosso país e do mundo trazendo essa discussão baseada nos princípios morais do Espiritismo e diante dos movimentos que estão acontecendo a favor da igualdade racial e contra o racismo, trago essas reflexões sobre: Por que é importante o dia da consciência negra?
Em breves explicações (temos consciência que as mesmas não dão conta das respostas necessárias à complexidade do tema), dizemos:
Porque a data foi escolhida justamente por ter sido o dia em que Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra ao regime escravocrata, foi assassinado, em 1695. Seu objetivo é fazer refletir sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e sobre a questão da igualdade racial.
Porque é um dia que deve ser multiplicado pelos 364 dias restantes do ano por marcar e abrir o debate sobre as políticas de ações afirmativas para o acesso da população negra, ao dizer o que um Estado democrático de direito deve oferecer a todo e qualquer cidadão: direito à educação em todos os níveis, à saúde, à justiça social, entre outros aspectos.
Porque é uma forma de reparação perante os escravizados que foram, forçosamente, trazidos para cá para servir de mão de obra barata e dizer que, o dia 13 de maio de 1888, é um engodo, por continuar mantendo, em regime de desigualdades social, econômica, cultural e religiosa de homens, mulheres e crianças negras.
Porque a meritocracia é um mito: não há como comparar que uma classe social alcance sucesso por mérito, frente à outra que sequer consegue acessar as mesmas oportunidades.
Em consonância às palavras de Kardec (1978) “Fora da caridade não há salvação”, agir, baseados nessa assertiva, é agir humanamente e de acordo com os princípios cristãos, ouvindo a voz das minorias e somando à força dos gritos dos que se sentem excluídos de uma sociedade estruturada no racismo.  Jesus, à sua época, foi o porta-voz dos menos favorecidos e dos que estavam à margem da sociedade (os mal alimentados, as prostitutas, os homens de vida simples: pescadores, artesãos, agricultores, pastores e as mulheres que tiveram papéis fundantes em sua missão, etc.), ao ponto de afirmar: “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância”  (JOÃO, 10:10).
 Jesus se reconhece na imagem de cada um de seus seguidores, assim como foi reconhecedor de suas necessidades físicas, emocionais e espirituais, assim, ter vida em abundância não é apenas tratar de corpos dilacerados pelo tempo e pelas injustiças sociais, mas dar-lhes condições de vida dignas para seu processo de transformação moral.
Enfim, 20 de novembro é sim dia de comemorar o dia da consciência negra, quiçá, através dessa consciência, teremos menos mortes como a de George Floyd nos Estados Unidos, João Pedro Mattos no Rio de Janeiro e Miguel Otávio em Pernambuco. 


Referências: 


KARDEC, Allan.  Evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 134. ed. São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 1978.

MANIFESTO ÁGORA - 


Decolonizar – Descolonizar – Contracolonizar – Ecologia decolonial

  Muito tem-se discutido sobre os temas acima, e gostaria de trazer o pensamento de alguns autores sobre eles. Nós que moramos no hemisfério...